Locke & Key – Review da série da Netflix
Eis uma série que PRECISA ter uma segunda temporada. Sim, precisa ter. Dentre todas as séries originais Netflix que vi (o que, só para constar, não é muito) essa é a única em que senti uma certa necessidade de uma segunda temporada. Não que isso seja ruim em sua essência, a primeira temporada é uma montanha russa, tem seus altos e baixos bem “definidos” e muitas vezes leva a momentos que eram para ser “catárticos”, mas que acabam falando algo de importante. Isso se dá pela falta de conclusão de praticamente tudo (mistério, trama, desenvolvimento dos personagens… quase tudo, sabe?) e uma aceleração sem sentido da trama após o segundo episódio. E quando finalmente termina, não há uma sensação de término, não há um fechamento completo de ideias ou tema.
Luto é o principal tema da série. Como se recuperar após a perda de alguém que sempre esteve muito presente, nesse caso, o pai e marido da família. Quase tudo que acontece de importante tem como seu centro o tema da série e em como os personagens lidam com isso (é meio óbvio, faz parte do todo modelo de narrativa… eu sei), o que é bem feito na maioria das vezes. Os filhos e a mãe se mudam para a casa da infância do pai, a Key House, e lá se conectam mais com o passado da família, consequentemente com o pai, e com as chaves (que é um ponto muito importante para a coisa toda). Isso cria uma dinâmica divertida, de novo, na maioria das vezes de descoberta e superação gerando situações e conceitos bem legais como, por exemplo, a Kinsey (Emilia Jones) matar o próprio medo.
Os personagens principais são muito definidos pelo luto, mas eles não são apenas alegorias ou ideias de como superar a perda (ou pelo menos eu penso assim), eles tem seus momentos e motivos próprios e se comportam como seres humanos, isso é BOM (essencial eu diria, é uma história que funciona muito mais com esse tipo de personagem… obvio de novo), mas há momentos que parece que faltaram certas “conexões” de ideais, eles mudam muito rápido e sem um contexto convincente, principalmente o irmão mais velho, Tyler (Connor Jessup). Tem episódios que o personagem acaba soando muito destoante dele mesmo em um curto período de tempo, sem contar que muitas vezes as ações de todos só são muito burras ou contraditórias (leia: sem nenhum tipo de motivo “real”, um conflito forçado para acontecer), quase como se eles tivessem perdido a capacidade de raciocinar, deixando as cenas apenas estranhas e confusas. Além disso, não há peso em momentos chaves, não há um risco na boa parte dos episódios e quando existe a necessidade de sentir que a batalha é muito importante e que qualquer um dos personagens pode morrer, isso simplesmente não é bem construído, há um certo descaso com os acontecimentos (com exceção ao episódio 7, que provavelmente é o melhor da série).
Basicamente a série não traz uma conclusão satisfatória, apresenta momentos que, novamente, na maioria das vezes, são só estranhos ou falta uma carga forte de sentimentos, além de uma dezena de mistérios que claramente não são o principal mas se fazem muito presentes(se eles ajudassem na parte da narrativa seria melhor, porém a maioria deles poderia só ser descartada). Porém, ainda que possua todos esses defeitos, a série ainda consegue apresentar situações e sacadas muito boas e uma trama e um universo interessante e engajante. Por fim, Locke & Key é, como já falado, uma montanha russa, possui seus pontos altos e baixos, mas chega uma parte da viagem que é uma linha reta com subidas enormes e descidas muito baixas para depois continuar em uma linha reta, você só está decepcionado no final.
NOTA: 5,0/10,0 – Estus Meio Cheio